Guia para Odontopediatras que atendem sozinhos

Disciplina, organização e conhecimento. São três pontos chaves para Odontopediatras que realizam atendimentos sozinhos.

Quando sua secretária avisa que a mãe de uma criança ligou, a primeira reação é a taquicardia. Quando a mãe cita que o filho se acidentou e conta como ele bateu a boca, as mãos do dentista já começam a suar.

Como lidar com essas situações?

Pois bem, o que minimiza a tensão do profissional e possibilita a concretização satisfatória do atendimento infantil até o fim, é se munir de técnicas e estratégias que torne a tríade: família, criança e profissional, bem coesa.

Portanto, nada adianta querer atender um paciente odontopediátrico se não buscar entender todo o contexto, tanto do paciente, quanto familiar. Como eles pensam e quais são suas expectativas.

O principal não é a estrutura, como muitos acreditam. Não há a necessidade de ter um consultório-Disney, um parque de diversões para atrair a criança (até porque, a odontopediatria não é lúdica; utilizamos o lúdico como ferramenta complementar à nossa atuação) mas, compreender o CLIENTE, que é o responsável pelo nosso sustento.

Portanto, quanto mais estratégias positivas você aplicar, maior a chance de sucesso e da necessidade da criança ser solucionada. Não há milagre, mas muito empenho e força de vontade do profissional. E vale reforçar que os detalhes fazem sim a diferença.

Ambientação no consultório

A primeira dica é o acolhimento da criança e seu(s) cuidador(es) desde a porta da sua recepção até o local onde vão lhe aguardar. É de suma importância que o trâmite de mudança de ambientes seja acompanhado, e as famílias acolhidas. A apresentação pessoal e comportamental do profissional está sendo avaliada pelos familiares que trazem de casa uma expectativa grande de que ele solucione o que o seu filho precisa. Agir dessa forma reduzirá a ansiedade do paciente e cuidador, assim que chegarem ao consultório.

O olhar do doutor, a vestimenta, o tom de voz sereno, as palavras de acolhimento aumentam a colaboração familiar.

Quando os cuidadores sentem segurança no profissional, também confiam em relatar mais as rotinas familiares, como a frequência de escovação da criança, a qualidade da dieta infantil e mais detalhes da rotina familiar. Assim, quanto mais informações nos passarem, maior as opções de tratamento que podemos oferecer e maior a chance da resolutiva e consequentemente, maior satisfação dos pacientes.

Além disso, uma sala tranquila de atendimento com uma luminosidade adequada, cantinhos divertidos e coloridos na altura das crianças, fazem a diferença. Ou seja, utilize de experiências sinestésicas positivas que auxiliam a criança a se identificar com você. Aromas delicados, ambiente climatizado e o uso de produtos odontológicos com sabores agradáveis também tornam a experiência positiva.

6 Dicas de organização

Organizar seu consultório é de suma importância, siga os passos abaixo para ter sucesso:

  1. Observe se na sala de espera ou de atendimento não há objetos que podem causar riscos para a criança (ex: frasco pump de álcool gel em alturas grandes que, ao apertar, pode jogar o conteúdo nos olhos das crianças).
  2. Pergunte ao telefone o motivo da solicitação de agendamento para que tenha uma noção do que será necessário para atender. Monte uma bancada/instrumentais/materiais de consumo em casos de planos A, B, C, D… (exemplo: mencionou que quebrou uma restauração em resina composta, mas, ao avaliar clínica e radiograficamente, seria necessário o tratamento endodôntico urgente).
  3. Teste previamente os equipamentos: a cadeira odontológica está ligada? funcionando corretamente? Refletor ligando? Fotopolimerizadores sem fio estão com a bateria carregada? Alta e baixa rotação estão rosqueados e funcionam?
  4. Organize impecavelmente a bancada: instrumentos previamente selecionados, autoclavados e posicionados na mesa. Abridores de boca (colocar duas opções), materiais de consumo presentes para o respectivo caso clínico, sugador e outros.
  5. Evite interromper o atendimento clínico para “garimpar” instrumentais ou itens de consumo em gavetas.
  6. Cuide com o barulho dos instrumentais. A utilização de bandejas plásticas ajuda a evitar que o som dos instrumentais metálicos assuste o paciente.

O sucesso também envolve a destreza do operador, diagnóstico perspicaz e planejamento prévio com o uso de exames radiográficos adequados, aliado ao exame clínico feito preferencialmente em dente limpo.

Instrumentos e qualificações

O conhecimento das novas técnicas odontopediátricas baseadas em evidências científicas, com o investimento de materiais de excelência e que reduzem passos, facilitam e proporcionam mais conforto ao paciente, qualidade de procedimento, agilidade ao profissional e procedimentos menos invasivos.

Técnicas e manejos comportamentais

A Psicologia aplicada à Odontopediatria é fator fundamental nos atendimentos. O conhecimento das técnicas de manejos comportamentais auxilia muito no processo de compreender o desenvolvimento motor e psíquico em cada etapa da criança. Proporciona clareza de suas ações, ou seja, como cada criança reage aos desafios em consultório, e ajuda também na adaptação de técnicas que criam o elo Criança-Dentista.

A fim de tornar a comunicação mais límpida, direta e reduzir a confusão de compreensão, é muito importante que não haja falas atropeladas dos responsáveis e do dentista para a criança. Ademais, ouvir a criança é de suma importância.

Mostre sua disponibilidade em ajudá-lo. Deve-se explicar procedimentos com tom de voz suave e usar bonecos para esclarecer as técnicas previamente. Isso traz maior compreensão de que o que será feito não será aversivo (falar-mostrar-fazer). Por fim, outra dica para a criança trabalhar a autopercepção é utilizar espelhos para que ela segure e se veja.

Esses são alguns recursos e dicas para Odontopediatras, que se as aplicarem no dia a dia, terão ótimos resultados.

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