Exames laboratoriais e sua importância na odontologia

Assim como ocorre em outras áreas, os exames laboratoriais são imprescindíveis para que o odontologista compreenda as reais necessidades de um paciente e identifique os tratamentos mais adequados com base nas informações coletadas.

Isso ocorre porque muitas condições de saúde podem comprometer o andamento de um tratamento, demandando mais cautela nas etapas de pré e pós-operatório, por exemplo.

Na prática, são considerados exames laboratoriais quaisquer procedimentos complementares de análise, sendo que os mais comuns consistem na coleta de sangue, urina e radiografias. Ou seja, exames bioquímicos e de imagem.

Assim, de modo a otimizar os diagnósticos e tratamentos, desde 2010 os cirurgiões-dentistas podem solicitar análises complementares e internações, desde que identifique na solicitação os riscos envolvidos e que o pedido esteja de acordo com sua área de atuação.

Importância da realização dos exames laboratoriais

A realização de exames laboratoriais é muito importante para conhecer as reais necessidades do paciente, avaliando condições que podem interferir nos tratamentos ou identificar os procedimentos e medicações que podem ser utilizados.

Assim, de um modo geral, dentre os principais objetivos para que um profissional solicite avaliações complementares estão:

  • assegurar a saúde integral dos pacientes;
  • realizar um diagnóstico com mais precisão;
  • fazer um planejamento para o tratamento;
  • evitar complicações e intervenções e
  • acompanhar a evolução do caso clínico.

Desse modo, os exames laboratoriais poderão auxiliar nas decisões relacionadas ao tratamento, seus preparativos e a própria recuperação do paciente.

No caso de um tratamento de canal, por exemplo, o profissional conseguirá avaliar a necessidade/possibilidade do uso de anestesia, as reações que a substância pode causar e, em alguns casos, a necessidade de reaplicação, além da predisposição a inflamações que podem ocorrer. Nesses casos, o adiamento dos tratamentos ou medidas de controle durante a cirurgia podem ser adotados com mais segurança, evitando complicações.

Para que essa identificação e resposta ágil seja possível, é imprescindível que os exames sejam realizados e que a boa análise clínica do material seja feita. Isso porque, por mais que as informações do histórico do paciente obtidas por meio da anamnese sejam importantes – e cabe dizer que são fundamentais – algumas patologias e condições sistêmicas ainda podem ser desconhecidas.

Desse modo, apenas com a realização das análises laboratoriais será possível aplicar o tratamento correto e, se necessário, direcionar o paciente para um atendimento complementar. Isso possibilitará a resolução e/ou o acompanhamento de patologias diversas, como a diabetes e a anemia.

Patologias e adequações

A odontologia visa atender e tratar pacientes diversos para a promoção e acompanhamento da saúde bucal e promover um bem-estar estético relacionados à face. Mais ainda, devem ser consultados por aqueles que necessitam de intervenções para o tratamento de inflamações e dores relacionadas à boca.

Com a melhoria das tecnologias usadas em todas as áreas da saúde, o aumento da preocupação com ela e a adoção de hábitos mais saudáveis, dentre outras variantes, ocorreu e com isso a longevidade populacional tende a crescer.

Por esse motivo, cada vez mais os consultórios odontológicos recebem pacientes que demandam atenção por conta das diversas condições sistêmicas.

Dentre os pacientes estão os diabéticos, cardiopatas, pessoas com problemas renais, bem como outras síndromes que podem impactar na imunidade, controle do tratamento e no combate aos vírus, bactérias e inflamações.

Essas doenças, apesar de demandarem cuidado, não impedem que procedimentos como a extração de dente sejam feitos, desde que as condições estejam/possam ser controladas durante o tratamento.

Cabe dizer ainda que muitas dessas condições podem não ser percebidas em um primeiro momento.

Por esse motivo os pacientes devem informar o profissional acerca de qualquer condição de saúde, assim como os exames laboratoriais se mostram ainda mais necessários – garantindo a segurança e o conforto.

Conheça nos próximos tópicos mais detalhes sobre alguns exames laboratoriais para a odontologia e a importância de realizá-los.

Hemograma

O baixo custo e a quantidade de informações são os principais diferenciais desses exames, tornando-o um dos mais solicitados em clínicas e consultórios. Outro fator importante a ser considerado é a facilidade de realização do procedimento e coleta de materiais para análise.

Isso porque com apenas a amostra de sangue é possível avaliar condições diversas do organismo do paciente.

Na prática, o hemograma é composto por três análises obtidas a partir de uma mesma amostra. Assim, conforme a solicitação do profissional, é possível realizar a averiguação de um hemograma completo, como é conhecido o exame.

Ele auxilia na definição de tratamentos e estratégias de prevenção, principalmente em casos cirúrgicos, além dos procedimentos de preparação do paciente para a intervenção e cuidados no pós-operatório.

Eritrograma ou séries vermelhas

Essa análise consiste na avaliação sobre as condições relacionadas aos glóbulos vermelhos, também conhecidos como hemácias. É o elemento mais abundante no sangue periférico, usado para a avaliação da saúde do paciente, sendo que a hemoglobina é o principal componente desse material.

Na prática, as hemácias tem como função levar o oxigênio, gás carbônico e diversos nutrientes para os tecidos corporais. Sua análise é feita para identificar fatores relacionados à morfologia, falha medular e anemias/policitemia.  Por conta disso, é preciso uma análise precisa do sangue coletado, identificado as quantidades ideais dos materiais.

Desse modo, é possível avaliar os possíveis impactos que os tratamentos e intervenções cirúrgicas trarão para o corpo do paciente, como fatores relacionados às alterações na cicatrização e hematológicas. Isso se torna ainda mais essencial em procedimentos mais invasivos, como extrações dentárias, procedimentos periodontais e o implante.

Assim, no caso de procedimentos como o implante dentário, é possível prever o comportamento do organismo na aceitação da prótese e cicatrização, bem como adequar os processos pré-operatórios.

Série plaquetária

As plaquetas são produzidas na medula óssea e podem ser usadas para avaliar possibilidades de hemorragias, presença de processos trombóticos, doenças autoimunes que podem impactar nos tratamentos e o funcionamento da própria medula.

Isso significa que no exame a quantidade de plaquetas vai auxiliar no entendimento do processo de coagulação do paciente, o que é determinante nos tratamentos invasivos. Ele também auxilia na definição dos cuidados que devem ser tomados em tratamentos que, mesmo mais superficiais, serão realizados em pacientes com problemas já pré existentes, como é o caso da diabetes.

Cabe ressaltar que por conta do ciclo circadiano, em caso de haver a necessidade de refazer o exame para avaliação de alguma irregularidade, o mais indicado é que a coleta seja feita no mesmo horário. Caso haja a confirmação da condição de trombocitopenia (quando as plaquetas estão abaixo do normal) pode haver o risco de processos hemorrágicos mesmo em cirurgias simples.

Nesses casos, o mais indicado é que a condição seja controlada e o tratamento adiado.

Já em caso de doenças que já afetam esse aspecto, durante o tratamento é necessário um acompanhamento cuidadoso, de modo a iniciar intervenções ou realizar medicações antes/durante o procedimento.

Leucograma ou séries brancas

O leucograma avalia a quantidade e qualidade dos glóbulos brancos presentes no sangue, elemento determinante para a defesa do organismo.

Para a avaliação, há a contagem absoluta e relativa do material presente, contribuindo para a identificação de processos infecciosos, sejam eles originados de vírus, bactérias ou parasitas. Também é possível identificar doenças no sangue e os processos alérgicos do paciente.

Assim, quando a quantidade de glóbulos está em alta quantidade (leucocitose) pode indicar infecções. Já o número reduzido de material (leucopenia) pode sinalizar depressão na medula. Com relação a identificação de infecções, sejam bacterianas ou por vírus, o número pode determinar se já há uma infecção ou se o paciente está mais sensível às complicações.

Assim, conforme o resultado, a indicação é recorrer ao atendimento de um clínico para realizar o tratamento adequado, de modo a reduzir o risco de infecção no pós-operatório. O atendimento multiprofissional também é recomendado nesse contexto, garantindo o acompanhamento adequado das condições de saúde do paciente e a segurança durante os tratamentos.

Nesse sentido, sempre que houver a necessidade de novas intervenções ou o surgimento de alguma condição que pode afetar o trabalho dos profissionais, o histórico médico precisará ser atualizado.

Cabe ressaltar ainda que além dos exames laboratoriais de análise biológica, muitos procedimentos são realizados de modo a identificar os aspectos relacionados ao próprio tratamento dental e as condições dessa estrutura.

Para isso os exames de imagem se destacam, contribuindo com a identificação de quais os tratamentos mais adequados e qual o planejamento a ser adotado em cada caso.

Radiografias

As radiografias consistem em exames de imagem realizados para identificar a presença de lesões, cáries e condições específicas na estrutura bucal. Desse modo, é possível definir quais os procedimentos mais adequados. Com isso, tratamentos para lesões ósseas e para o alinhamento dental, por exemplo, são realizados com mais precisão.

Por esse motivo, é um exame muito utilizado para início e acompanhamento de tratamentos ortodônticos e para a realização de implantes, extração dental e cirurgias no maxilar.

Desse modo, o planejamento dos processos utilizados e a análise da evolução do caso também podem ser feitas com mais precisão. Inclusive, é um fator que contribui para a definição de quanto custa uma restauração de dente.

Na prática, o exame realiza a captura de imagens por meio dos raios x, que atravessam o corpo humano registrando as barreiras encontradas nesse processo, conforme a densidade dos órgãos.

Com isso, podem avaliar condições como a presença de inflamações, cáries, dentes em excesso ou faltantes, tumores e especificidades para produção de peças usadas em tratamentos. O exame pode ser feito na totalidade da boca ou em um espaço mais restrito da cavidade.

Periapical

Esse exame de raio-X permite a visualização dos detalhes de um dente específico ou de um grupo reduzido, bem como das estruturas mais próximas – como o osso que apoia esses dentes.

É usado para avaliar coroas, raízes, cáries e lesões, podendo ser feito no próprio consultório.

Para a realização do exame o paciente deve apoiar um molde com a chapa colocada na parte que ficará dentro da boca, possibilitando o registro da imagem.

Interproximal

Permite a visualização das arcadas dentárias (inferior e superior), mostrando como ocorre o contato entre os dentes nessa estrutura.

É utilizada para identificação de cáries nas faces interproximais, ou seja, que se localizam entre os dentes.

Para a realização do exame é preciso utilizar um molde de metal que refletirá os feixes dos raios x.

Panorâmica

O exame utiliza um aparelho giratório em formato de U invertido, no qual o paciente fica posicionado no centro.

Com ele é possível obter uma única imagem que fornece uma visão completa dos dentes, arcadas, articulações da mandíbula e maxilar, além da área nasal.

Para isso, o maquinário realiza um movimento de rotação no espaço da cabeça, enquanto o paciente apoia o queixo no suporte central da máquina.

Como há, ainda, uma haste para a região da boca, o paciente deve ficar imóvel e prender a mordida nesse material, possibilitando uma visualização mais ampla da cavidade bucal.

Por conta disso é um procedimento essencial para o planejamento e acompanhamento de tratamentos ortodônticos.

Oclusal

Já o exame de radiografia oclusal permite a visualização das extremidades da boca, permitindo a avaliação de dentes extras ou que ainda não nasceram.

Para que sua realização seja possível, o paciente deve ficar com uma película radiográfica na boca.

Após a mordida do material, o maquinário é posicionado no ângulo de oclusão (perpendicular/diagonal) do paciente e a área a ser avaliada.

É um procedimento bastante usado na odontopediatria para acompanhar o crescimento dos dentes, mas também auxilia na identificação de fraturas, dentes inclusos (abaixo da gengiva) e para verificar qualidade da raiz do dente.

Radiografia digital

Com o advento da tecnologia, os aparelhos de raio-X conseguem enviar as imagens e informações de circuitos direto para o computador, “imprimindo” a imagem de forma digital.

Por terem placas mais sensíveis que os filmes usados nos exames tradicionais, o processo e a obtenção do resultado ocorrem mais rapidamente, tornando-o mais eficiente e seguro.

Considerações finais

Os exames biológicos e de imagens são ferramentas complementares aos processos odontológicos, permitindo o diagnóstico e acompanhamento adequado do paciente.

Isso porque auxiliam no planejamento de tratamentos, criação de medidas preventivas e de intervenção, além de possibilitar a identificação de alternativas terapêuticas. Contudo, para isso, é preciso uma leitura correta dos materiais coletados.

Em relação aos exames de sangue que podem ser realizados, sua importância se destaca pela possibilidade de avaliar riscos cirúrgicos, de modo a prevenir complicações no tratamento.

Além disso, consegue-se prevenir infecções secundárias e processos hemorrágicos, dentre outras complicações, ao identificar fatores como má cicatrização e predisposições hematológicas.

Já as radiografias contribuem para a identificação de diversos problemas odontológicos, direcionando os procedimentos que podem ser realizados de acordo com as especificidades encontradas.

Por esse motivo, mesmo que o cirurgião não tenha conhecimento das patologias e condições sistêmicas do paciente, é possível obter tais informações e proporcionar um tratamento seguro e eficaz.

Agora que você já sabe a importância dos exames laboratoriais na odontologia, continue nos acompanhando aqui no blog e siga-nos nas redes sociais e tenha acesso a mais conteúdos sobre saúde bucal e radiologia odontológica.

Fonte: Magscan

Nenhum comentário

Postar um comentário